No pequeno distrito de Piquiri, localizado no município de Canguaretama, litoral sul do Rio Grande do Norte, está um dos cenários mais marcantes da história do Brasil colonial: a Capela de Nossa Senhora das Candeias, local onde aconteceu o Massacre de Cunhaú, em 16 de julho de 1645. A tragédia, perpetrada por tropas holandesas e seus aliados indígenas, é lembrada como um dos episódios mais violentos da ocupação holandesa no Nordeste.
Domínio Holandês
Na ocasião, dezenas de fiéis católicos foram brutalmente assassinados enquanto participavam de uma missa dominical. O padre André de Soveral, que celebrava a eucaristia, foi um dos primeiros a ser morto. O ataque fez parte de uma série de ações repressivas contra a população luso-brasileira e a Igreja Católica, vistas pelos invasores como obstáculos à consolidação do domínio holandês e à imposição do calvinismo na região.
Outro episódio semelhante ocorreu poucos meses depois, em 3 de outubro de 1645, em Uruaçu, atual município de São Gonçalo do Amarante. Juntos, os dois massacres ficaram conhecidos como o Massacre de Cunhaú e Uruaçu, e vitimaram ao todo trinta pessoas que foram reconhecidas pela Igreja Católica como mártires da fé.
Momento histórico
Esses fiéis receberam o título de Santos Mártires de Cunhaú e Uruaçu, sendo canonizados pelo Papa Francisco em 15 de outubro de 2017, em cerimônia no Vaticano. A decisão foi autorizada em 23 de março do mesmo ano, marcando um momento histórico para a Igreja no Brasil. Em memória aos mártires, o dia 3 de outubro é feriado estadual no Rio Grande do Norte.
A capela em Piquiri, onde se acredita que ocorreu o massacre, ainda hoje preserva traços do período colonial e está situada em uma antiga fazenda de cana-de-açúcar, região marcada pela presença de antigos engenhos. O local é ponto de peregrinação e fé, especialmente durante o mês de outubro, quando milhares de fiéis visitam o santuário dos mártires para homenagens e missas solenes.
Além da capela original, há também uma nova igreja construída nas proximidades, que atualmente recebe os eventos religiosos enquanto a capela passa por reformas. O acesso ao local é feito por estradas estaduais (RNs) ainda bastante castigadas, o que reforça o apelo de moradores e visitantes por melhorias na infraestrutura para facilitar o turismo religioso e histórico na região.
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