* Dr. Fábio Argenta
A vacinação é uma das estratégias de saúde mais eficazes, tendo papel fundamental em todas as fases da vida. Na idade adulta, manter o calendário atualizado é tão importante quanto no início da vida, especialmente com as vacinas dTpa (difteria, tétano e coqueluche), influenza, tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e hepatite B. Também ganha destaque a vacina contra herpes-zóster, recomendada por sociedades médicas para pessoas a partir dos 50 anos e para adultos imunocomprometidos a partir dos 18 anos. Ela previne a reativação do vírus e reduz o risco de complicações, como a neuralgia pós-herpética. O impacto das vacinas é comprovado: segundo o Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais, a mortalidade por hepatites caiu nos últimos dez anos, e no caso da hepatite B a redução foi de 50% do coeficiente de mortalidade.
Em contrapartida, o Brasil enfrenta queda significativa na cobertura vacinal, especialmente entre crianças. Segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, em 2024 foram registrados 48 óbitos de crianças menores de cinco anos por doenças evitáveis — um aumento pelo terceiro ano. Em comparação a 2021, quando foram registradas 15 vidas perdidas dessa mesma faixa etária, houve uma alta de 220%. A principal causa foi a coqueluche, uma infecção respiratória que não registrava vítimas infantis fatais no Brasil desde 2021.
Além disso, dados do Observatório de Saúde na Infância mostram que o número de casos da doença entre crianças pequenas aumentaram mais de 1.200% em 2024, com pelo menos 2.152 registros em crianças menores de cinco anos, um aumento de 1.353% em relação aos 159 de 2023. Dessas, 665 precisaram ser internadas por causa da doença, e 14 não resistiram.
Esses números servem de alerta, pois a maioria dos casos poderia ser evitada com a vacina pentavalente, aplicada aos 2, 4 e 6 meses segundo o calendário infantil. A queda na adesão à vacinação aumenta a vulnerabilidade da população ao retorno de doenças antes controladas, reforçando a importância de manter a imunização como hábito contínuo, mas não apenas na infância.
A queda na cobertura vacinal tem diversas causas, sendo uma das principais nos últimos anos a desconfiança gerada por fake news sobre efeitos adversos e indústrias farmacêuticas. Durante a pandemia de COVID-19, a desinformação se espalhou intensamente pelas redes sociais e aplicativos de mensagens, contribuindo para a hesitação vacinal. Como consequência, a Organização Mundial da Saúde (OMS), alertou que o mundo havia entrado em uma outra emergência de saúde pública: a infodemia, que consiste à proliferação rápida e disseminada de informações (precisas e imprecisas) sobre um tópico específico, o que dificulta que as pessoas identifiquem a verdade e as fontes confiáveis.

Nesse contexto, as clínicas privadas de vacinação junto a profissionais de saúde, têm assumido a missão de produzir e divulgar informação qualificada, baseada em evidências científicas e linguagem acessível. A orientação direta, o acolhimento de dúvidas e a oferta de conteúdos educativos ajudam a restaurar a confiança da população e a combater narrativas falsas que dificultam a adesão às vacinas.
A combinação entre informação de qualidade, acesso facilitado e atendimento especializado torna as clínicas privadas aliadas importantes em um momento em que o país busca recuperar índices seguros de imunização. Fortalecer a cultura da vacinação ao longo da vida é uma tarefa coletiva e ao reforçarem o papel preventivo das vacinas, elas contribuem para reduzir a desinformação e estimular escolhas mais conscientes, além de se tornarem fontes confiáveis e parte essencial do ecossistema de prevenção no país.
Em um cenário marcado por desinformação e pelo retorno de doenças antes controladas, como sarampo, hepatites e febre amarela, as clínicas particulares se consolidam como pilares de apoio à imunização e à conscientização em saúde preventiva. Investir em informação e acesso é investir em vidas protegidas, no presente e no futuro.
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