O turismo religioso no Rio Grande do Norte ganha um novo impulso com a inclusão do município de Espírito Santo, na região Agreste, à Rota dos Santos Mártires do Brasil — trajeto que celebra a fé cristã e os episódios históricos que marcaram o martírio de fiéis católicos no século XVII. O percurso, agora mais estruturado, reafirma a espiritualidade como força motriz para o desenvolvimento turístico e cultural do estado.

Canguaretama: onde tudo começa
O município de Canguaretama, no litoral sul potiguar, é reconhecido como o ponto de partida da rota. Foi no antigo Engenho Cunhaú, hoje localizado em território canguaretamense, que ocorreu o primeiro massacre dos católicos, em 16 de julho de 1645. O local, palco de um dos episódios mais emblemáticos da história da fé no Brasil, tornou-se símbolo de resistência espiritual e destino obrigatório para quem percorre o caminho dos Santos Mártires.
Canguaretama, além de sua importância histórica, possui atrativos naturais e culturais que favorecem a experiência do peregrino: desde igrejas centenárias até áreas de manguezais e praias que integram o turismo de fé à contemplação da natureza.
Espírito Santo: nova integrante e guardiã da devoção a Nossa Senhora da Piedade

Com sua entrada oficial no roteiro, o município de Espírito Santo passa a reforçar o simbolismo do trajeto com a devoção à sua padroeira, Nossa Senhora da Piedade, cuja romaria anual atrai milhares de fiéis. A religiosidade local está intimamente ligada à identidade da cidade, que se posiciona agora como um novo polo de espiritualidade, tradição e acolhimento.
Outro atrativo da cidade é a Mata do Pilão, área de preservação ambiental que reúne trilhas, biodiversidade e um ambiente propício ao ecoturismo religioso. A proposta é desenvolver trilhas interpretativas que unam fé, meio ambiente e vivência espiritual.
Rota ganha força com apoio político e estruturação legal
A inclusão de Espírito Santo na rota foi articulada com apoio de lideranças políticas e religiosas. A Lei Estadual nº 10.213/2017, que estabelece diretrizes para o turismo religioso, e a mais recente Lei nº 11.908/2024, que criou oficialmente a Rota da Fé e das Tradições Religiosas, oferecem a base legal para o desenvolvimento do trajeto, que já conta com apoio da Deputada Divaneide Basílio, uma das principais defensoras da pauta na Assembleia Legislativa.
A coordenação da Rota busca agora implementar sinalizações turísticas nas rodovias estaduais e federais, de acordo com normas do DNIT, o que deve consolidar o percurso como o primeiro roteiro de turismo religioso oficialmente sinalizado do Nordeste.
Municípios atualmente integrados à Rota dos Santos Mártires:
Município | Destaque Religioso/Histórico |
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Canguaretama | Engenho Cunhaú – local do primeiro massacre (1645) |
Arez | Rota histórica do litoral sul |
São José de Mipibu | Igrejas históricas e tradição católica |
Nísia Floresta | Berço de figuras religiosas e culturais |
Parnamirim | Ponto urbano de transição entre litoral e capital |
Natal | Uruaçu – local do segundo massacre (3 de outubro, 1645) |
Extremoz | Conexão metropolitana com elementos históricos |
São Gonçalo do Amarante | Tradição católica e mobilização de fiéis |
Espírito Santo | Devoção à Nossa Senhora da Piedade e Mata do Pilão |
Turismo religioso como eixo permanente de desenvolvimento
A ampliação da Rota dos Santos Mártires propõe um turismo de base comunitária, não apenas voltado para grandes eventos religiosos, mas também para a construção de um trajeto permanente de peregrinação, fé e geração de renda. Ao unir espiritualidade, cultura, natureza e hospitalidade, o Rio Grande do Norte avança na consolidação de um dos mais importantes roteiros religiosos do país.