Famtour explora atrativos do turismo potiguar em roteiros de base comunitária

TURISMO EM BASES COMUNITÁRIAS foto Sebrae divulgação
TURISMO EM BASES COMUNITÁRIAS foto Sebrae divulgação

Projeto do Sebrae-RN, Governo do Estado e Instituto Vivejar apresenta experiências turísticas autênticas e sustentáveis em comunidades do litoral sul do Rio Grande do Norte

Com a proposta de apresentar o Rio Grande do Norte além da tradicional oferta de sol e mar, o Projeto de Turismo de Base Comunitária encerrou suas atividades com um Famtour (visita técnica com agentes e guias de turismo) realizado nos dias 27 e 28 de novembro. Durante o evento, operadores de turismo receptivo potiguar conheceram novos produtos turísticos deste segmento, em um roteiro integrado. A iniciativa é fruto de uma parceria entre o Governo do RN, por meio da Secretaria Estadual de Turismo (Setur), e o Sebrae no Rio Grande do Norte (Sebrae-RN), com execução pelo Instituto Vivejar.

As atividades proporcionaram experiências turísticas autênticas no litoral sul do estado, conectando os visitantes à natureza, aos moradores locais e à cultura de cada comunidade envolvida. O roteiro incluiu vivências no Território Potiguara Katu, na divisa entre Canguaretama e Goianinha; na Comunidade do Porto, em Canguaretama; na Comunidade Quilombola de Sibaúma; e na Associação de Produtores de Ostras do Rio Grande do Norte, em Tibau do Sul.

Famtour reuniu agentes de viagem e guias de turismo do RN. | Foto: Tiago Lima

“A proposta do projeto é oferecer atrativos turísticos que não apenas ampliem o leque de experiências disponíveis para os visitantes, enriquecendo suas vivências, mas também promovam oportunidades econômicas sustentáveis para as comunidades, orientando-as na formatação das experiências turísticas”, relata Yves Guerra, gestor de Turismo do Sebrae-RN.

A valorização e o resgate da cultura local foram um dos pontos altos da visita técnica, que encantou os participantes. Embora muitos já conhecessem destinos como a praia de Sibaúma e Tibau do Sul, poucos tinham tido a oportunidade de explorar essa nova perspectiva sobre as práticas históricas e culturais da comunidade local.

Para Caius Marcellus, representante do Sindicato de Guias de Turismo do RN, a experiência foi de verdadeira imersão, permitindo vivenciar e resgatar práticas antropológicas. Ele destacou o potencial do turismo de base comunitária para despertar o interesse de diferentes nichos de mercado, oferecendo experiências antes negligenciadas. Embora já conhecesse as localidades, nunca havia experimentado a comunidade de forma tão imersiva, ressaltando a experiência única e o resgate humano.

Em Sibaúma, grupo foi recepcionado pelos Herdeiros de Zumbi com o toque do Zambê. | Foto: Tiago Lima

“A felicidade das pessoas que recebem e a alegria de proporcionar o melhor tornam tudo simples, mas impactante”, afirmou. Contudo, ele observou que essa visão não se aplica a toda a categoria de guias de turismo, sendo mais relevante para aqueles preparados para trabalhar com culturas específicas, como as comunidades indígenas, quilombolas e pesqueiras. “Há uma abertura de mercado, mas é um trabalho direcionado”, concluiu.

Da mesma forma, Márcio Dantas, gestor comercial de uma agência de turismo receptivo local, considerou a proposta “incrível”. Ele destacou que a base comunitária e esses novos roteiros agregam muito valor, especialmente porque já há uma procura, principalmente internacional. “Com certeza, iremos incluir esses roteiros em nossa operadora”, afirmou.

Por sua vez, Geysone Fernandes, agente de desenvolvimento local da Katu Experiências, busca, por meio da empresa e do turismo de base comunitária, promover um turismo responsável e mais consciente. “O público brasileiro precisa compreender melhor o espaço que visita e sua cultura. Isso amplia a própria experiência turística e, quando acontece, muda as tendências de viagem das pessoas”, afirmou.

Roteiro Integrado em Canguaretama, Goianinha e Tibau do Sul

A visita técnica ao Território Potiguara Katu, recepcionado pela empresa local Katu Experiências, proporcionou uma vivência contemplativa, cultural, social e ambiental. A experiência teve início com um café da manhã típico, com alimentos comuns à refeição diária da comunidade, como cuscuz, batata-doce cozida e peixe frito. A recepção também incluiu uma reflexão sobre o respeito e a empatia pela cultura local.

Trilha no Território Potiguara Katu permitiu uma conexão ambiental e cultural dos participantes com o local. | Foto: Tiago Lima

Durante a trilha, os participantes conheceram a diversidade ambiental do território, seus solos variados, como o de pau, arisco e taboleiro, além de plantas locais, como o pau-brasil, a cidreira e o caju, e o cuité, usado para fazer cuia, além da goiti, uma fruta de sabor peculiar. O encerramento da trilha ocorreu à beira do rio, com a participação de um pajé indígena da comunidade, que realizou um momento de pintura corporal e compartilhou tradições.

A experiência na comunidade do Porto permitiu aos visitantes vivenciar o cultivo e a degustação de ostras em um ambiente natural. O passeio incluiu um deslocamento pelo mangue até as mesas de ostras, com chegada ao flutuante, onde os participantes puderam conhecer de perto o processo e saborear as ostras frescas.

Degustação de ostras no flutuante “Ostras da Pipa”, da Associação de Produtores de Ostra do RN.

No segundo dia, o roteiro se concentrou ainda mais na região de praia, em Sibaúma, com uma visita à Comunidade Quilombola da Praia de Sibaúma. O grupo Herdeiros de Zumbi conduziu uma conversa sobre a cultura local, seguida por uma demonstração do toque e da dança do Zambe. Os participantes tiveram a oportunidade de dançar e aprender sobre essa manifestação cultural, que não envolve apenas a música, mas também os instrumentos e a “música falada”, que aborda temas da comunidade, como as plantas e o rio.

O dia seguiu com um almoço na Ilha dos Pau Ferro, às margens do Rio Catu, e foi finalizado com a degustação de ostras no flutuante “Ostras da Pipa”, enquanto os participantes contemplavam o pôr do sol na Lagoa de Guaraíras.

Preparação para o Turismo Sustentável

Para que os produtos turísticos estivessem prontos para receber visitantes, o projeto passou por uma estruturação de 16 meses, com foco na formação de governança local e no fortalecimento das associações comunitárias. Durante esse período, foram realizados diagnósticos para identificar as principais necessidades de qualificação e promover oficinas de turismo e artesanato, além de ações voltadas para a comercialização.

Foto: Tiago Lima

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Entre as iniciativas, destacaram-se a precificação, o desenho de experiências turísticas e visitas técnicas, que asseguraram a atratividade e sustentabilidade dos produtos no mercado. O projeto também incluiu visitas técnicas de benchmarking e a participação em feiras e salões de turismo no Brasil.

Marianne Costa, diretora do Instituto Vivejar, destacou o potencial do turismo de base, que mexe com os sentidos e é especialmente marcante para o público internacional, evidenciando a conectividade e localização do estado como pontos fortes. “O Rio Grande do Norte se destaca por ser um dos poucos estados que oferece apoio e fomento ao turismo de base com iniciativa a nível estadual, uma ação validada pela presença da Governadora no projeto.”

Para João Hélio Cavalcanti, diretor técnico do Sebrae-RN, o projeto simboliza um marco no desenvolvimento sustentável, promovendo a inclusão produtiva e transformando as comunidades em exemplos de protagonismo e inovação no território potiguar. Segundo o diretor, o Sebrae-RN continuará a apoiar as comunidades, focando em melhorias na gestão empresarial, acesso a serviços financeiros, inovação, tecnologia e estratégias de mercado. “Nosso compromisso é garantir que as comunidades envolvidas prosperem, tornando-se referências no Brasil e inspirando novos projetos nesse campo promissor”, afirmou Cavalcanti.

A secretária de Turismo do Rio Grande do Norte, Solange Portela, enfatizou a abordagem colaborativa adotada no projeto, destacando a participação ativa das lideranças comunitárias, que foram fundamentais para entender as necessidades locais. “Agora, o objetivo é fortalecer ainda mais as comunidades, promover o turismo sustentável e de base local, e criar oportunidades para o desenvolvimento regional, valorizando as culturas e tradições do estado”, garantiu.

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